terça-feira, 9 de maio de 2017

Satan Joker’s, os filhos do metal



Continuando nossa jornada pelo mundo através do heavy metal. O local de parada agora é a França. Terra da torre eifell, de Napoleão e da Novelle Vague . E também terra do Trust, H-Bomb,Warning, e mais recentemente do Alcest e Gojira. E principalmente da perola que será comentada a seguir, Satan Joker’s e seu clássico álbum Les Fils Du Métal

O ano é 1983 e a NWOBHM (New Wave Of Britsh Heavy Metal) esta ainda com grande força, mas pera lá, a NWOBHM é um movimento britânico e estamos falando de uma banda da França, não tem algo errado? Pera lá meu amigo, temos que levar em consideração que essa nova onda de bandas foi tão importante e influente que ultrapassou as barreiras geográficas e deu uma nova vida para o metal em diversas partes do mundo, mostrando que havia espaço para bandas do estilo depois da explosão do punk.

Depois de uma demo lançada em 1982, o debut deles saiu no ano seguinte pela gravadora Vertigo. Les Fils Du Métal conta com Renauld Hantson na bateria, Laurent Bernat (falecido em 2004) no baixo, Stéphane Bonneau na guitarra e Pierre Guiraud no vocal. E o som do Satan Joker’s é aquele heavy metal tradicional com pegadas de hard rock cheio de atitude , melodia e pegada característico dos anos 80.

Se para alguns brasileiros, até o som cantado em português soa estranho de primeira. Imagina ao ouvirem ele cantado em francês. Pense na situação de você estar ouvindo um puta riff de guitarra e quando entra a voz você tem a impressão de que o vocalista esta cantando fazendo biquinho (uma piada ruim sobre como pra falar francês você precisa falar fazendo biquinho com a boca, me perdoem).

 Esse é um grande diferencial do Satan Joker’s, o vocalista, Pierre Guiraud, canta todas suas linhas na língua nativa. Eles até tem versões de suas musicas cantadas em inglês (que por acaso constam como bônus tracks na edição do cd que eu possuo), mas fica muito mais interessante e até divertido perceber que o heavy metal é uma linguagem universal que pode ser interpretada de varias formas e se adéqua ao seu local.

Porém, quando ouvimos pela primeira vez, o choque é imediato. Afinal, não é uma língua usual de ouvirmos uma banda usar em suas musicas. Visto que a maior parte do metal/rock feito mundialmente é cantado , consumido e exportado em inglês. Após a estranheza, vemos que o som é bem feito e que a língua usada encaixou bem no instrumental, não sendo um artifício para diferenciar das outras bandas que ficou apenas na tentativa e nos distrai ao ouvirmos, mas algo que agregou ao som do Satan Joker’s. No final estamos até arriscando cantar junto, mesmo não entendendo nada do que falem. É metal pesado de qualidade e pronto, isso que importa.

E por falar em vocal, o jogo de vozes em algumas faixas é bem interessante. Fazendo um bom uso dos back vocals, a banda nos trás melodias cativantes e aqueles refrãos característicos. Ouça por exemplo a faixa Derrière Les Portes Closes onde o refrão nos remete a algo parecido com o Queen.

O instrumental também é digno de nota, com riffs precisos cobertos de alguns momentos cheios de melodia. A produção limpa ajuda também. Pode parecer simplória hoje em dia, mas para o padrão da época esta boa, deixando você ouvir com clareza todos os instrumentos.

Se quiser conferir o som dessa banda, é fácil achar musicas e ate algumas apresentações aovivo deles no youtube. Mas se você como eu gosta de ter o material físico em mãos. A label Axe Killer Records lançou ele em um box junto do segundo álbum Trop Fou Pour Toi. É meio difícil de achar, mas vale o dinheiro investido.

 O que podemos aprender ouvindo esse disco é que metal em inglês é legal, mas em português também, e em francês, japonês etc.. Escolha a língua que quiser, o importante é ser bem feito e pesado. E sim, há musica boa em todas as épocas e lugares.



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