quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Discografia comentada: Exodus

Poucas coisas na vida são mais violentas e intensas do que ouvir em alto volume Exodus. Seja ele nos álbuns ou nos inesquecíveis shows do grupo. Banda que foi injustamente deixada de lado por muito tempo pela grande mídia e fãs da musica pesada, sendo ofuscado por outros medalhões do gênero (alguns até manjados). Mas que felizmente durante esses anos tem conquistado seu espaço na cena. 

Marcando seu nome eternamente nos corações de quem gosta de thrash metal e mostrando que a luta e trabalho duro acima de qualquer adversidade valem a pena, e olha que a banda, pioneira do estilo, já passou por cada problema.

Lembrando que é sempre bom exaltar a importância do guitarrista Gary Holt. Dono de uma técnica e felling incríveis, ele é um verdadeiro arquiteto na arte de criar musica pesada. Único membro presente em todas as formações do grupo, ele manteve firme a banda durante todos os anos e finalmente esta recebendo o merecido reconhecimento de ser um dos melhores guitarristas do metal. 
Ah, ele esta tocando no Slayer  também, substituindo o falecido Jeff Hanneman.

Podemos dizer que hoje em dia a banda vive seus melhores momentos, porém nem sempre foi assim. Mesmo com a qualidade absurda de muitos dos seus álbuns, vamos a eles:

P.S: Vou apenas falar dos álbuns de estúdio;

Bonded By Blood - 1985

Algumas bandas precisam de uma carreira inteira para se firmar na cena, criarem um clássico ou conquistarem uma legião de fãs. Algumas bandas precisam apenas de um álbum, mas precisamente um álbum de estréia. E esse é o caso aqui.

Com musicas que exaltam o metal como estilo de vida, como a faixa titulo e Metal Command. E a mais pura violência e agressividade, algo que pode parecer ingênuo hoje em dia, mas que possui seu charme, afinal, para época o lema “Kill the posers”, gritando em alto som nos shows do grupo, fazia muito sentido.

E não é só na parte lírica que esse disco é extremo, musicalmente ele é um verdadeiro soco na cara, onde o único momento leve é a abertura da faixa No Love. Sabe aqueles álbuns que você coloca no aparelho de som e tem vontade de sair num mosh e tudo mais? Então..

Talvez o disco mais conhecido da banda, foi tocado na integra muitas vezes e é celebrado por fãs e músicos em geral como um dos melhores do estilo. Eu mesmo tenho uma relação especial com ele, já que foi o primeiro da banda que eu ouvi e um dos primeiros álbuns de thrash metal que tive em mãos, me levando para esse caminho sem volta.

Para ter uma noção boa da qualidade assustadora desse registro, darei um exemplo de uma situação que pode acontecer: Se uma pessoa não conhece nada, ou muito pouco desse estilo chamado thrash metal e quer começar por algum lugar, mostre esse álbum, vai na minha que a pessoa na certa vai começar a ver o estilo com outros olhos.

Vale lembrar que ele foi regravado e lançado em 2008, com o nome Let There Be Blood, contendo a formação da época. O resultado ficou muito bom ,mas longe de ser algo memorável e original como o clássico

Esse foi o único álbum de estúdio com o lendário e hoje já falecido vocalista Paul Barloff, no seguinte ele seria substituto pelo Ex-Legacy (atual Testament) Steve “Zetro” Souza, devido aos seus problemas com bebidas e outras substancias.
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Pleasures Of The Flesh- 1887

E por falar em Zetro Souza, esse foi o primeiro registro lançado por ele nos vocais. Algo que desagradou (e infelizmente continua desagradando) muitos fãs, principalmente aqueles que seguiam Paul Barloff, que era realmente um monstro ao vivo.

Porém, Zetro é um cara legal, sua voz combina com o estilo, o repertorio aqui é condizente com a qualidade do grupo, com musicas mostrando que a banda estava afiada. Então, como esse registro é tão esquecido? Ou melhor, é tão subestimado?

Qualidade não falta aqui, inclusive com musicas que podem facilmente entrar no setlist da banda a qualquer momento, sendo verdadeiras porradas e uma resposta na forma de chutes na bunda para as pessoas que pensavam que a banda iriam amaciar o som.

 Musicas como a faixa titulo,  Brain Dead e Seeds Of Hate são destaque, todas elas com ótimos riffs e andamentos, mostrando inclusive um apuro técnico maior que do álbum de estreia.

Talvez não tenha o mesmo impacto do registro de estréia,inclusive para a  critica e para o publico, que na época de lançamento deixou ele um pouco de lado, sem contar a péssima distribuição que recebeu, fazendo que ele vendesse muito abaixo do esperado.

Mas no geral, ele esta com o tempo recebendo o valor que merece. Se você costuma deixar ele de lado, considerando como um álbum menor da fase clássica do grupo, dê uma segunda chance a ele, garanto que pode se surpreender.

Fabulous Disaster- 1989

Nessa época o thrash metal estava vivendo uma mudança drástica. Suas bandas ou migravam para um som mais cadenciado, puxado para o heavy tradicional, ou se tornavam mais extremas. Podemos dizer que o Exodus ficou no meio termo.

As melodias fáceis e pegajosas, seja nos instrumentais ou nas linhas vocais estão mais presentes do que nunca aqui. Achou estranho eu dizer isso num álbum de thrash metal? Pois é, mas não pense que a pancadaria sonora foi deixada de lado, a banda continua mais nervosa do que nunca.

Só que dessa vez a técnica apurada pelos anos tocando foi usado em prol de duas coisas: criar musica extrema e bem feita, técnica e ao mesmo tempo de fácil assimilação. Mesmo as faixas mais longas como Like Father, Like Son , possuem essas características, e eu te digo uma coisa meu amigo, isso não é pra qualquer um.

A verdade é que a banda estava deixado seu lado mais ingênuo (e às vezes dito “tosco”) de lado. Incluindo nas letras, se focando mais em política e problemas sociais.

Talvez pelo excesso de melodia, muitas pessoas desgostem desse álbum, tachando que a banda estava começando a mudar para atrair o mercado. Bobagem, a verdade é que o Exodus estava amadurecendo.  

Além de clássicos como a faixa titulo, Corruption e The Last Act of Defiance. O disco tem um dos maiores hits da historia da banda, sendo tocado em praticamente todos os shows. Estou falando é claro de The Toxic Waltz.

Impact is Imminent- 1990

                                         
E eles entram na década de 90 tirando o pé do acelerador, mas não deixando o  heavy de lado. É isso que podemos ver nesse registro: musicas mais cadenciadas, porem com um peso incrível e aquela velha agressividade de sempre, dessa vez de certa forma mais condensada. 

Contando com uma produção ótima pra época, que deixou os riffs bem encorpados, temos aqui como no registro anterior musicas longas e complexas, talvez até longas e complexas demais.  Um verdadeiro tiro no pé pra época, pois aqui temos um registro totalmente não comercial, indo de contramão ao que estava começando a se instalar no meio musical do heavy e thrash metal.

Porém, mesmo com tudo, ainda tenho problemas com esse registro, vou tentar explicar:

Apesar de sua qualidade e de possuir seus destaques, falta algo que o álbum anterior fazia com maestria, que era juntar a técnica e a complexidade das musicas com a melodia e a dinâmica, fazendo com que elas sejam pegajosas e não enjoem. É louvável que a banda tenha tido coragem de continuar tocando o som pesado e agressivo, porem, antes esse som tinha um lado que fazia entrar fácil na cabeça, mesmo dentro de toda violência sonora.

Ainda é um bom álbum e bastante extremo, talvez contendo algumas das passagens mais violentas e pesadas do Exodus até o momento, porem, só isso não é suficiente para que ele esteja acima do nível, como foram os anteriores a ele.

Sei que muita gente o adora e isso é compreensível, eu mesmo gosto bastante de algumas faixas dele. Porem, não se pode negar que a banda estava entrando em um momento bem estranho da sua carreira.


Force Of Habit- 1992

Algo aconteceu para o mundo da musica pesada, e por que não, da musica mundial em 1991. E isso é o auto-intitulado quinto álbum do Metallica, o popular álbum negro. Além de ter sido um sucesso comercial incrível até hoje. Podemos dizer que esse registro mudou a carreira não só do Metallica, que foram dos reis do undeground thrash para encherem arenas e irem deixando o som cada vez mais “pop”. Mas de todas as bandas da leva que tentaram emular não apenas o som tirado nesse álbum, mas o seu sucesso de vendas.

É claro que muitas bandas não ligaram pra isso e continuaram até mais extremas do que antes, caso do Slayer que mantém uma integridade musical impar. O Exodos parecia que iria seguir o mesmo caminho, mas não foi  exatamente isso que aconteceu.

Porém, das bandas que tentaram repetir o sucesso do Metallica, dentro os registros que tivemos na 
época, podemos separar em dois grupos: aqueles que falharam ao amaciar o som. E aqueles que mesmo com as mudanças , conseguiram fazer algo digno .

Onde o Exodus estava nesse momento? Bem ,infelizmente podemos dizer que eles entraram na onda de gravar algo que a gravadora  propunha ser mais acessível as rádios, Mtv e ao publico em geral. Como disse certa vez Gary Holt: “foi o primeiro álbum que não fiz o que eu exatamente queria”
Felizmente, a banda entrou no grupo que conseguiu fazer algo digno, ou pelo menos chegou perto. 

Mesmo que seja diferente, e que de certa forma falte um pouco da personalidade da banda, não podemos dizer que esse álbum seja totalmente ruim. Os riffs e peso ainda estão lá, só que dessa vez de uma forma diferente.

Conheço muita gente que detesta esse álbum mesmo sem ter ouvido ele antes, apenas pela sua má fama. Meu amigo, dê mais uma chance para ele, você pode até não gostar, mas é bem melhor não gostar de algo sabendo o porque e conhecendo ele, do que não gostar apenas porque ouviu na internet meia dúzia de pessoas falando mal.

Tempo Of The Damned- 2004

Como podemos ver os anos 90 não foram dos mais favoráveis a banda, o que podemos destacar nessa época foi o retorno do vocalista original que registrou um ótimo álbum aovivo. O  Another Lesson In Violence. Fora isso, o grupo estava praticamente morto.

Após um bom tempo sem lançar nada de estudio, o Exodus volta com tudo, com aquele que pra mim é seu registro mais forte dos últimos anos, um álbum tão incrível que consegue bater de frente fácil com qualquer disco gravado por eles nos anos 80 e por qualquer outra banda.

Não é errado dizer que esse é um verdadeiro clássico do começo dos anos 2000. Mostrando que a banda ainda estava viva, e que principalmente, o verdadeiro thrash metal estava vivo. Vale lembrar que estávamos num momento que o revival do estilo estava começando, com bandas novas e antigas lançando trabalhos dignos de nota.

Estamos falando do incrível Tempo Of The Damned, de onde saíram clássicos e que espero que nunca saiam do setlist da banda como Blacklist e War Is My Shepherd. Essas duas costumam ser as mais lembradas, porém o registro todo é acima da média, com musicas como Throwing Down, Scar Spangled Banner e Foward March.

Podemos ver aqui que a banda voltou a formula que deu certo em Fabulous Disaster. Porém, com uma abordagem atual para época e que continua atual até hoje (não foi tanto tempo assim, mas 2004 às vezes parecem que foram a milhões de anos atrás).

Parece que finalmente depois de dois registros regulares, e de muitos anos depois, eles perceberam o som que agradava tanto a critica quando o publico , além de ainda se manterem fieis ao que eles realmente eram. Não era difícil pegar uma publicação da época, e ver muitos elogios a Tempo, elogios merecidos, além de continuar sendo até hoje um álbum bem aceito e amado pelos fãs novos e de longa data.

Shovel Headed Kill Machine- 2005

Aqui temos o primeiro registro com um novo vocalista: Rob Dukes, um cara que dividiu e continua dividindo opiniões sobre seu trabalho na banda. Principalmente entre os fãs mais antigos, que não curtiram muito o estilo mais hardcore/Phil Anselmo que ele tinha. Isso foi mudando com os anos, com ele se adaptando melhor ao som da banda.

Vi dois shows com Dukes a frente dos vocais, e posso dizer que apesar dos vocais serem discutíveis, ele sabia como fazer o publico ficar doido,, dando uma agressividade muito bem vinda as musicas e incentivando o mosh a todo momento, um verdadeiro frontman para uma verdadeira banda do estilo.

O que podemos ver nesse disco é uma continuação natural do anterior, porém sem o mesmo 
charme, ainda que mantenha uma qualidade boa. Mas isso deve ser porque considero o Tempo ..um registro acima de média para qualquer banda, ou seja, tenho um caso especial com ele.

As musicas continuam longas, técnicas e bem construídas, porem, a favor das canções. Algo que eu sempre volto a dizer: Exodus é uma das bandas que melhor consegue fazer isso. Junto com Testament, Megadeth, Kreator  e Artillery.

Podemos dizer que com a entrada do novo vocalista, e do seu estilo vocal, temos um álbum até mais extremo que o anterior.  Com passagens de pura porrada, que aliadas a técnica da banda, formam aquela massa sonora que todos adoramos no Exodus.

No geral, temos um bom álbum, amado por alguns e injustamente esquecido por muitos . Parece que a banda ainda podia mostrar algo melhor, mesmo que esse registro tenha seus ótimos momentos, não é dos que grudam na primeira ouvida, mas vale a conferida.

 The Atrocity Exhibition: Exhibit A- 2007

Se o disco anterior dividiu opiniões, não exatamente pela qualidade das musicas, mas pelo vocal. Nesse o saldo positivo de critica e publico foi bem maior. Com as pessoas aceitando melhor o trabalho do vocalista Rob Dukes que aqui ainda estava com seus berros, mas dessa vez melhor encaixados nas musicas. Além de que estava bem mais entrosado com a banda nos shows, inclusive nas musicas não gravadas originalmente por ele

Podemos ver aqui uma banda mais segura de si, mostrando composições fortes, e sinceramente, melhores que do registro anterior.Novamente a banda acerta a mão, ao apostar numa volta ao passado, mas com uma pegada atual no meio.

Com isso, podemos perceber que eles pegaram o que deu certo no álbum anterior e focaram nisso. Ou seja, musicas pesadas, técnicas, agressivas, com uma abordagem atual, mas que você escuta e pensa logo de cara: isso é exodus dos anos 2000.

Podemos ver aqui faixas com um tom épico e grandioso, como na faixa titulo e no maior sucesso do álbum, a musica Children Of A Worthless God. Uma musica tão boa que merece fincar no hall de clássicos do grupo e que é sempre muito bem vinda nas apresentações ao vivo. Podemos notar também que aqui temos as musicas mais longas da banda.

Exhibit B: The Human Condition- 2010

Deixando de lado o tom mais épico do álbum anterior, e partindo para algo mais direto, como um retorno as origens que o álbum Tempo.. já  propunha.  Exhibit B talvez seja o álbum com Dukes com mais cara do Exodus antigo. Isso se deve as musicas que estão com uma pegada de thrash 80’s extrema. Só que com uma produção ótima. Alias, elogiar a produção dos álbuns do Exodus do Tempo pra cá é chover no molhado, contando geralmente com o ótimo Andy Sneap encarregado desse trabalho.

Saudosismos baratos de lado, para uma banda como essa, isso não é algo negativo. Claro, é sempre preciso olhar para frente, mas manter um pé na atualidade, e outro pé respeitando o que fez no passado, pode ser algo muito favorável para certas bandas.
A segurança que a banda tinha  ganhado no registro anterior continuou aqui, ainda maior para falar a verdade. Pois aqui, mesmo que o grupo esteja com o jogo ganho, eles ainda se preocuparam em lançar musicas de alta qualidade. Não é difícil pra mim considerar esse o meu registro favorito com o Rob Dukes.

O resultado no geral é uma banda que estava crescendo de qualidade a cada novo registro, essa formação do Exodus parecia que iria durar até o fim da banda, não foi bem isso que aconteceu...


Blood In, Blood Out- 2014

E chegamos a o ultimo álbum de estúdio do Exodus, lançado no ano passado, ele marca o retorno (muito bem vindo) do antigo vocalista Steve “Zetro” Souza, que estava indo bem na sua banda Hatriot, mas para felicidade dos fãs da sua fase no Exodus, finalmente assumiu novamente os vocais.
Todo respeito a Rob Dukes , é claro, o trabalho dele no Exodus, principalmente sua insanidade no palco será sempre lembrado.

Agora voltando a o álbum, nota-se durante varias passagens uma banda mais descompromissada, apenas tocando o que gostam , não pensando se algumas faixas podem virar clássicos no futuro, mas na qualidade que elas tem sendo ouvidas hoje em dia.

Isso significa que as musicas são ruins? Não mesmo, deixe eu explicar: Bandas como Exodus  não precisam se esforçar para ficar na media alta ou positiva, eles simplesmente lançam seu material e já esperamos a qualidade sonora de sempre.  Aqui não temos uma banda desesperada em mostrar o que sabem fazer, eles apenas fazem, e visto as circunstâncias do lançamento do álbum, temos uma banda novamente bem firme em sua proposta.

Talvez inspirados pela volta do Zetro, esse álbum lembra o Tempo Of The Damned em um sentido: é mais uma volta da banda a o som de origem, mas com uma pegada atual, algo que já estava acontecendo no álbum anterior.

Um fator que pode ter decepcionado muita gente são os vocais, e isso é fácil de entender. Muita gente que prefere o Dukes vai estranhar de começo o vocal mais “Pato Donald” do Zetro, porem, eu mesmo demorei a me acostumar com o vocal do Dukes quando comecei a ouvir a banda com ele, então...




Como podem ver é uma discografia bastante respeitável e consistente, além desses álbuns de estúdio o Exodus tem alguns ao vivo, vale a pena destacar um: Another Lesson In Violence, marcando o retorno de Paul Barloff aos vocais por um curto período de tempo. 



quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Nem Vamos Tocar Nesse Assunto




Lançado no inicio de julho, o segundo e novo álbum da banda Gentileza, chamado Nem Vamos Tocar nesse assunto  é uma boa surpresa e tem tudo para cair nas graças de quem o ouvir.

Essa é uma boa pedida para quem gosta de um bom som, seja ele rock, indie, pop ou folk. Chame como quiser, aqui temos um álbum com arranjos interessantíssimos e um toque deliciosamente nacionalista durante toda a audição.  Fazendo um som original que fugindo do lugar comum e não utilizando clichês tradicionais do gênero nos trás uma audição extremamente agradável.

Com um som propositalmente rústico, áspero e totalmente natural em sua proposta. O grupo não deixa a leveza e melodia ser deixado de lado junto de toda a massa sonora de instrumentos e vocalizações.

O álbum a se aproveita de varias camadas de vocais em algumas faixas, com coros bem encaixados, lembrando até marchinhas de carnaval. Juntos da voz principal formam um elemento poderoso aliada ao instrumental encorpado fazendo a banda nos mostrar toda sua desenvoltura 

O que podemos ouvir aqui é uma ótima produção que deixou tudo no seu devido lugar. Fazendo com que todos os instrumentos e vocais sejam jogados bem altos e rigorosos na sua cara. Mas sem deixar que vire uma bagunça sonora, daquelas que se utilizam da barulheira sem sentido para disfarçar a má qualidade da produção e das musicas. Tudo aqui pode ser ouvido perfeitamente, cada pequeno momento pode ser tranquilamente absorvido pelo ouvinte. O som é pesado em certo sentido, pesado, melódico, e muito bem produzido.

Em faixas que muitas vezes tratam de forma natural, humorada, auto-critica e amargamente sarcástica os relacionamentos atuais, sejam eles físicos ou emocionais, amorosos ou não. A parte lírica do álbum pode ser facilmente associável para qualquer pessoa, mesmo que estejam distantes das historias curiosas aqui contadas.

Sem medo de navegar na mais pura experimentação, mas mesmo assim, mantendo uma suavidade e apelo popular, Nem Vamos Tocar Nesse Assunto consegue ser musica pop de qualidade.

 Nada de falsas pretensões ou malabarismos técnicos que não levam a lugar nenhum e apenas servem para mostrar o ego dos músicos. Toda a técnica aqui é posta a favor dos arranjos das canções, tudo aqui é colocado no seu devido lugar, na hora certa. Sem masturbações musicais, a banda sabe como colocar uma melodia na sua cabeça se aproveitando dos recursos que tem.

E nada também de popularismo medíocre e barato, daqueles que entopem nossos ouvidos todos os dias, feitos exclusivamente para vender como carnes no açougue. A musica é sim feita para agradar facilmente. Mesmo que isso estranhamente ocorra por meio de melodias que feitas por qualquer outro pareceriam desconexas, mas aqui estão envoltas de um apelo pop no sentido positivo da coisa. Mostrando que pode  fazer musica sofisticada sem ser chato, e ser popular sem ser burro.

Recomendo