segunda-feira, 24 de agosto de 2015

O preconceito com o cinema de gênero

Você com certeza conhece alguém que paga de culto e tenta ostentar um ar de superioridade intelectual apenas por digerir obras  menos acessíveis ao entendimento do grande publico. Pessoas de nariz empinado que desprezam não apenas produtos de fácil digestão e de vendagem fácil, mas as pessoas que são alvo e consomem eles.

Isso acontece sempre, inclusive para o publico que cultiva o apreço por cinema. É normal ver pessoas esnobando outras apenas pelo seu gosto. Gente que assiste Goddard , Herzog ou Glauber Rocha depreciando quem gosta de um puro cinema comercial ou o blockbuster da semana.  Dois argumentos que pessoas assim sempre usam são: “ela não entende de cinema” e “ela não gosta realmente de cinema, senão não assistiria tanta produção pobre”

Sobre não entender de algo, isso é totalmente relativo. Eu não entendo nada de futebol , mas não me sinto superior e nem inferior a um fanático pelo esporte por exemplo. Porem, pode se disser, por exemplo, que eu entendo muito sobre filmes de horror, nem por isso me sinto superior a alguém que entende menos.

É certo de que com o gosto por algo, sua vontade de conhecer mais sobre tal assunto cresce. Quem gosta de cinema (ou outra arte em geral, como a musica) tem uma certa curiosidade natural de sempre querer descobrir algo novo, ou redescobrir aquela perola escondida no passado.  Porem, nem todas as pessoas têm paciência e são obrigadas a isso.

Muita gente gosta de ficar no seu lugar comum e se sente bem nele, e isso não esta errado. Assim como muita gente não dá chances para filmes comerciais e se sente bem assim. Cada pessoa deve seguir o que acredita. Porem, é sempre bom dar uma chance para coisas diferentes. Não gostou após experimentar algo novo? Quer continuar com o que curtia antes? Ótimo , a vida continua mesmo assim.

Uma grande besteira achar que a pessoa que não tem o gosto parecido ou não tem paciência para assistir um filme mais “cabeça” não tem a mesma paixão pela coisa que você. São apenas gostos e pontos de vista diferentes sobre um universo tão vasto que esta sempre dando frutos dos mais diferentes estilos para os mais diferentes públicos.

Reflita um pouco comigo, muitas das pessoas elitistas não entendem nem metade do que o diretor quer disser em seu filme, mas fingem um falso entendimento apenas para se sair bem na roda de amigos intelectuais.


Uma das coisas que muita gente não percebe, é que filmes cultos ou cabeça se utilizam de elementos do cinema de gênero para compor seu trabalho final.

A verdade que por mais que tentem colocar um murro e separar o cinema erroneamente chamado de inteligente daquele chamado de burro, pobre, de gênero. Eles estão mais ligados do que você pensa, pois ambos se utilizam um do outro a toda hora.

Falaremos agora sobre três grandes gênios que transitam facilmente entre o inteligente, o popular, o culto e o comercial.

Alfred Hithcock foi um dos primeiros diretores famosos a ser reconhecido como um artista autoral. Porem, seu filmes, por mais inteligentes que sejam. São filmes de gênero. Não acredita? Ele fazia na maioria suspenses como algum toque de humor e romance. Isso não são elementos dos filmes de gênero?



Um dos maiores diretores de todos os tempos foi Stanley Kubrick. Ele foi certamente uma das maiores provas de que se podia fazer cinema autoral e de gênero ao mesmo tempo. Seus filmes transitavam por vários estilos e linguagens, mas, possuíam uma assinatura própria e extremamente reconhecível.

Duvida? De uma olhada em alguns dos seus sucessos: O Iluminado, 2001, Laranja Mecânica, Nascido para Matar. Todos são filmes que dão um passo alem em simplesmente entregar um produto facilmente mastigável, mas não deixam de ser reconhecíveis como aquilo que se propõem a ser, uma ficção, um filme de terror, de guerra, etc.




Um exemplo mais atual é o inglês Edgar Wright, um dos diretores com marca própria que vale a pena acompanhar de perto e é a prova vida de que se podem fazer filmes comerciais sem o estigma negativo que esse termo pegou hoje em dia. Suas obras são facilmente vendáveis para o publico, mas ainda assim podemos ver que por trás deles esta uma pessoa de idéias e estilo fortes.  Assista a trinca Todo Mundo Quase Morto, Chumbo Grosso e Heróis de Ressaca , a chamada trilogia do corneto e descubra como ele desconstrói aquilo que as pessoas esperam desses filmes.

Lógico que não quero comparar Edgar Wright com Stanley Kubrick ou Hitchcock. Os filmes de Wright não possuem toda profundidade das obras de Kubrick ou a malicia de Hitch, que iam alem do gênero em que o filme estava preso e faziam o espectador pensar sobre ele por horas. Porem, Wright serve como exemplo perfeito de que é possível fazer um cinema pipoca sem tratar o telespectador como burro.




Por isso, não se sinta superior por entender as nuances do filme do Ingmar Bergman, e nem se sinta culpado por curtir o ultimo sucesso da Marvel.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

10 clássicos filmes de zumbi NÃO dirigidos pelo Romero






Todo fã de filmes de zumbi deveria ter um altar em louvor ao mestre George A. Romero numa parede de sua casa. Criador do subgênero com o clássico A noite dos Mortos Vivos de 1968, um filme que literalmente mudou o gênero de terror.

Porem, todos já sabem a importância e qualidade dos clássicos dirigidos pelo velhinho. O objetivo da pequena lista é listar filmes clássicos de zumbis que ele não dirigiu, mas que mesmo assim, conseguem bater de frente com os maiores clássicos feitos por ele.

Vamos a lista:

Mangue Negro
Pra começar a lista, temos esse ótimo filme nacional (é, Brasil também faz filme de terror viu). Com personagens cativantes, um bom gore e um clima único. O diretor Rodrigo Aragão conseguiu realizar um filme pra ficar marcado na historia do cinema de gênero nacional.


 Todo mundo quase morto
Já foi falado sobre esse filme aqui no blog, mas especificamente no seu primeiro de poucos posts. Mas não custa repetir que esse é uma das melhores combinações de terror sangrento e claustrofobia com uma boa comedia inglesa. Dirigido pelo ótimo Edgar Wright, o mesmo que quase fez o Homem Formiga da Marvel


 Fido
Mais uma comedia com zumbis. A diferença que temos aqui um filme bem família, quase que uma sessão da tarde com mortos vivos. Mas não se engane, mesmo o filme sendo suave no tom fazendo  experiência de assistir ser bem leve, a critica social esta presente , mesmo escondida no clima escachado da obra.

Wild Zero
Zumbis, sexo e rock n roll. Realizado no Japão, temos aqui uma das grandes surpresas dos últimos anos em se tratando de zumbis. E também um dos filmes mais malucos e coloridos feitos no subgênero. Pegue sua guitarra, uma katana e assista!

A noite do terror cego
Agora falaremos de um cult espanhol. O primeiro de quatro filmes sobre terríveis zumbis templários cegos. O longa possui algumas das cenas mais bonitas feitas no gênero. Graças as belas locações e pela direção certeira de Amando de Ossorio.

Não se deve profanar o sono dos mortos
Também chamado de Zumbi 3 na época do VHS. Essa pequena perola pode não ser tão conhecida fora do circuito de  quem realmente corre atrás de euroterror. Mas garanto que vale a pena dar uma conferida, nem que seja pela ótima cinematografia, o clima de tensão e alguns dos zumbis mais fortes já vistos.

 Re-Animator
Baseado livremente num conto do mestre H.P Lovecraft. Temos aqui, na direção de Stuart Gordon, um dos primeiros filmes splatter dos anos 80. Com muito gore, atuações canastras, mas memoráveis e um clima de humor certeiro. Assista e descubra porque ele é um dos filmes favoritos de muita gente.

A noite dos Arrepios
Mais uma perola dos anos 80. Numa ótima mistura de ficção cientifica, humor e terror.  Pena que o filme seja um pouco esquecido, mas garanto que vale a pena dar uma conferida. Uma coisa legal nele é ficar caçando as referencias a outros filmes,inclusive no nome de alguns personagens. Com um tom ótimo de auto parodia. Recomendo.


 A noite do Terror
Confesso que esse esta aqui mais pela brincadeira. Afinal,  essa perola italiana sobre zumbis é terrível. Mas de tão ruim que é, acaba se tornando um filme muito divertido. Sem contar  que possui uma das crianças incestuosas mais estranhas que o cinema já viu (interpretado por um anão). Com direito a uma cena bizarra envolvendo sua mãe e uma mordida nos seios dela..


Zombie 
Pra fechar a lista, o meu favorito. Levemente inspirado pelo clássico Despertar dos Mortos do Romero. Aqui, o maestro italiano Lucio Fulci ( do otimo Terror nas Trevas) realizou uma obra prima do gore. Um filme sangrento e que cheira a zumbis podres. Como aquele que sai da tumba lentamente numa das melhores cenas do longa. E onde mais iríamos ver um zumbi lutando contra um tubarão? Esses italianos malucos e seus clássicos...





sábado, 1 de agosto de 2015

4 discos para conhecer: Thrash Metal da Bay Area




Surgido no começo dos anos 80 (mas especificamente em 1983 com os lançamentos do Kill Em’ All do Metallica e Show do Mercy do Slayer) o thrash metal é um dos movimentos mais apaixonantes do heavy metal, conquistando uma base de fãs fieis durante muitos anos. Marcado como uma evolução natural do estilo, com a junção da NWOBHM e o hardcore punk..  

Trazendo o metal  de volta as suas origens mais básicas e extremas. Saindo um pouco do clima fantasioso que muitas bandas tinham na época, principalmente das bandas farofa/glams, que dominavam a cena de Los Angeles.Fora com as calças coloridas, roupas espalhafatosas e maquiagem e entraram os jeans sujos e clima das ruas.

Apesar de possuir muitos pólos onde ficou famoso (como em NY, ou a cena alemã).  Foi na cidade de São Francisco que ele ficou mais forte.  A chamada Bay Area foi o refugio de muitas bandas e pessoas ligadas ao movimento que não entendiam/se encaixavam a todo glamour que acontecia em LA.

Gostaria de listar agora, quatro álbuns de quatro bandas diferentes para que você possa conhecer melhor o estilo. O objetivo do texto é dar uma olhada básica e rápida sobre o movimento. Não querendo me aprofundar muito. Se curtir algum dos álbuns listados, sugiro que procure mais sobre o movimento de ótimas bandas como Heathen, Forbidden, Death Angel,  etc. Bom divertimento!
Vamos a eles

Metallica – Ride The Lighting (1984)
Não podemos falar do estilo sem citar um dos seus criadores. Mesmo com toda a polemica gerada pela banda durantes os anos,  é impossível negar que eles fizeram alguns dos álbuns mais legais do estilo durante os anos 80. Aqui nesse segundo registro temos a banda dando um passo além, se mostrando mais madura. Porem, sem deixar o lado agressivo e pesado de lado. Esqueça a banda cover deles mesmo que viraram hoje em dia e escute logo essa maravilha.
Gostou?escute também: Kill Em’ All



Exodus – Bonded By Blood (1985)
Talvez um dos discos que mais definiu o estilo. Principalmente pela sua sonoridade totalmente ríspida e agressiva. Mesmo sendo debut da banda, podemos ver que eram músicos de extremo bom gosto e criatividade na hora de criar a pancada sonora existente aqui. Único registro em estúdio do lendário vocalista Paul Barloff (RIP), aqui temos o nascimento de uma das maiores duplas de guitarristas do estilo, Gary Holt, que hoje toca no Slayer, e Rick Hunolt.
Gostou? Escute também: Tempo of the Dammed



Vio-Lence – Eternal Nightmare (1988)
Uma banda que pode não ter chegado no nível de popularidade das outras, mas que certamente mereço um reconhecimento e o culto que possui é o Vio-Lence. Como o nome diz, o som dos caras é uma verdadeira violência sonora. Mas bem executada e técnica. Você pode até estranhar no começo os vocais de Sean Killian. Porem, ainda hoje é espetacular o trabalho de guitarra de Robb Flynn e Phil Demmel, parceiros atualmente no Machine Head.
Gostou? Escute também: Oppresing The Masses.




Testament – The Legacy (1987)
Certamente uma das bandas que mais soube utilizar a extrema técnica e criatividade dos seus músicos (não é qualquer banda que tem um monstro Alex Skolnick nas guitarras). O Testament pode parecer mais ingênuo nesse primeiro álbum da carreira. Porem, foi aqui que podemos ver um dos ataques sonoros mais urgentes e sinceros que surgiram no estilo. A banda pode ter melhorado com o tempo, mas pouca coisa me marcou como esse aqui.
Gostou?Escute também: The New Order