terça-feira, 9 de maio de 2017

Discos que provam que o metal dos anos 90 foi legal sim!

Devido ao desgaste e os excessos criados nos malucos anos 80. O heavy metal, antes, uma musica que surpreendentemente ficou popular, entrou nos anos 90 com sérios problemas: Ele simplesmente não se encaixava mais naquela década sombria.

Onde com o surgimento do grunge, os olhos não estavam mais voltados praqueles cabeludos tocando pesado em meio a riffs épicos e exagerados.  Era o tempo de ser mais introspectivo, de olhar para si mesmo. Era proibido solo de guitarra ou ter um visual mais afetado. É claro, isso não durou tanto como esperavam. Afinal, o mundo gira, o tempo passa e novos interesses vão surgindo.

Mesmo assim é errado dizer que foram anos perdidos, um buraco na historia do metal. Houve sim grandes bandas, grandes álbuns.

Longe do mainstreem é claro. Um erro muito cometido é achar que algo só presta (ou pior, que esse algo existiu), se vende milhões, aparece na TV ou etc. O heavy metal nunca precisou de apoio da mídia para sobreviver e continua firme e forte na historia como uma musica transgressora que sobrevive pela paixão dos fãs e músicos.

Decidi colocar aqui alguns clássicos da década que valem a pena serem descobertos e redescobertos por vocês. Algumas escolhas foram inevitáveis, mas tentei fugir do obvio e colocar um pouco de tudo. Do mais extremo ao mais melódico.
Vamos lá!

Iced Earth – The Dark Saga - 1996


Jon Schaffer pode até ser um cara difícil, daqueles que não conseguem manter a mesma formação da banda de um disco para o outro. Mas é inegável sua capacidade de composição e a pegada forte que ele tem na guitarra base. Sempre guiando o Iced Earth com uma postura firme e fiel ao estilo.

A idéia de gravar um disco inteiro falando do personagem de quadrinhos Spawn pode parecer estranha. Mas a qualidade musical falou mais alto nesse caso.

Matt Barlow já tinha dado o recado no disco anterior, sua estréia no vocal com The Burnt Offerrings, mas é aqui que ele fincou seu lugar de destaque no grupo e a banda se consolidou.

Com musicas de estruturas mais simples, mas não deixando de ser trabalhadas. O Iced Earth conseguiu fazer um disco de alto nível que é fácil de ficar na cabeça.

Helloween – The Time of The Oath - 1996


Para algumas pessoas, Helloween são os dois volumes Keppers of the Seven Keys lançados nos anos 80 e nada mais. Respeito essa opinião.  Mas muitas vezes uma parte importante da historia do grupo alemão, criadores do Power metal, é ignorada e esquecida por pura preguiça e preconceito.

Tudo bem que Andi Derris, que tinha entrado na banda no álbum anterior, substituindo o marcante vocalista Michael Kiske, não tem uma voz muito característica para o Power metal, com um estilo rasgado puxando mais para o hard (ele era vocalista da banda de hard rock Pink Cream 69 antes de entrar para o Helloween). Porém, junto com composições que misturam um pouco da malicia do hard com o epico do Power metal, geraram uma formula que deu muito certo.

Escute os clássicos Power, Steel Tormentor, Before the War , a faixa titulo e ira perceber como esse álbum pode não ser conhecido como os Keepers, mas é tão bom quanto.

Paradise Lost- Draconian Times – 1995


Uma produção limpa que te deixa ouvir claramente cada movimento produzido no disco. Junto com uma execução absurdamente certeira. Envolta de musicas cativantes, com extrema qualidade e beleza. Essa foi a formula para o sucesso de Draconian Times. O álbum de mais sucesso e relevância do Paradise Lost.

O Paradise Lost foi mais uma das bandas européias, a exemplo de Amorphis e Sentenced, que começou com uma raiz death/doom metal ,  moldando seu som ate algo mais experimental e difícil de classificar, com pitadas inclusive de pop oitentista. Sendo muito mais do que uma banda de gothic metal, como é normalmente classificadam, já que é um estilo que ela ajudou a criar e difundir.

Draconian Times é um ponto no meio entre as raízes e o som que viria fazer depois. Uma espécie de mistura entre os dois. Que gerou um heavy metal pesado e atmosférico. Porém direto e que continua moderno.

Melancólico , belo, soturno e pesado. Draconian Times é um disco único.

Grave Digger – Tunes of War - 1996


Grave Digger é um dos pilares do heavy metal tradicional alemão que surgiu nos anos 80 e criaram um certo nome cult, principalmente pelo álbum Heavy Metal Breakdown (1984). Porém, foi apenas na década seguinte em que eles realmente se consolidaram e criaram fama. Colocando seu nome junto dos grandes do metal.

E esse álbum é um dos responsáveis por isso, os fazendo entrarem de pé-direito numa década que não abria muito espaço para um som mais tradicional. Porém, o talento e qualidade musical falou mais alto e o álbum teve seu sucesso merecido. Já que o heavy metal tradicional, com pitadas de Power, é algo que é recriado de maneira estupenda aqui.

unes of War é conceitual e conta a historia da guerra da independência da Escócia. Com um som mais trabalhado e épico que os álbuns anteriores. Sem abrir mão do peso e melodias marcantes.

Deste a introdução com gaitas fole, partindo pela direta Scotland United. É uma musica mais legal que a outra, não abrindo espaço para fillers.Mas se for para apontar destaques eu colocaria: William Wallace (BraveHeart), The Dark of The Sun, a bela The Ballad of Mary (Queen of Scots) e o maior hit da banda, Rebellion ( The Clans Are Marching).

The Gathering – Mandylion - 1995


Como o Paradise Lost, banda que eu citei agora pouco. O Gathering é mais uma banda européia que teve suas raízes no doom/death, ate se fincar no experimentalismo quase pop. Gerando assim um fator de divisão entre os fãs.

Alguns adoram as mudanças, outros odeiam. O fato é que bandas que não tem medo de experimentar nunca serão unanimidade. Mas passar despercebido após ouvir um álbum tão belo como esse é impossível.

Esse terceiro registro da banda é o meu favorito e também o de muitos. Após escutar faixas com a abertura Strange Machines, Leaves e as duas partes de In Motion, fica fácil entender a razão.

Um ponto de virada que ajudou o som da banda a se moldar foi a entrada da vocalista Anneke Van Giersbergen,cheia de beleza e carisma. Sua voz encaixou perfeitamente no doom “experimental” do disco. Com vocais que não exageram nos lirismos, como ficou comum e popular nas bandas de metal com uma vocalista mulher. Anneke não abre mão de linhas energéticas e sensíveis, ao mesmo tempo envoltas da certa melancolia e peso criados pelo instrumental das canções.

Carcass - Heartwork – 1993

Um dos pilares criadores do grindcore. O Carcass foi moldando seu som ate chegar no quarto álbum.  Substituindo as letras gore que parecem ter saído de livros de óbitos. Para criticas a uma sociedade decadente.  Esse disco é um daqueles marcos no death metal em que após ouvimos sabendo sobre o panorama da época, percebemos que foi um ponto de mudança.

Com um som mais técnico e harmonioso se comparando com a dos registros anteriores. O Carcass apresentou um trabalho fincando nas melodias dos riffs pesados de guitarra, que lembram algo vindo do heavy tradicional.  Algo que se firmou como uma marca do que começou a ser chamado de death metal melódico, praticado depois por bandas como At the Gates e In Flames.

A abertura com Buried Dreams já é atípica e mostra a mudança. O instrumental como dito anteriormente trás muito mais melodia que anteriormente, em contrapondo com o peso e os vocais guturais de Jeff Walker. Uma seqüência matadora segue com faixas como This Mortal Coil, Embodiment, No Love Lost e a faixa titulo. Um trabalho essencial, tanto para quem curte algo mais extremo, ou para quem quer começar a se aventurar pelo estilo.

Sarcófago – The Laws of Scourge -1991



Pioneirismo, desbravamento, coragem, blasfêmia, polemica. Esses são alguns adjetivos que podemos dar ao grande Sarcófago, um dos marcos do metal negro brasileiro.

Para alguns apenas a banda que rivalizava com o Sepultura deste a época em que tocavam no undeground de BH dos anos 80, para outros, um objeto de culto e adoração. Um dos primeiros nomes mundiais a se aventurar por sons temáticas e atitudes mais extremas. Sendo influencia para toda a cena do black metal norueguês que se instalou nos anos 90. O fato é, Sarcófago é uma banda única que nunca teve medo de ir além no que consideramos pesado, tanto lírico como musicalmente. E aqui temos seu álbum mais bem trabalhado e maduro, melodioso na metida certa. Mas mantendo as qualidades da banda e sua marca, o extremismo e a feracidade.

Ao ouvirmos musicas como Midnight Queen, Screeches From The Silence, Black Vomit ou a faixa bônus Crush, Kill, Destroy. Podemos captar toda a fúria da banda. Num festival de riffs, solos, vocais gélidos e uma técnica não vista antes, que prova que o Sarcófago é sim uma grande banda, e merece todo o reconhecimento que possui.

Fates Warning – Parallels – 1991



De apenas mais uma banda de metal como outras, até provar todo seu potencial e chegar na sua obra prima, Parallels. O Fates Warning fez historia e ajudou a criar algo novo no metal.  Infelizmente não tem o devido reconhecimento, mas gostaria de fechar o texto fazendo justiça a essa grande banda.

Vindo de álbuns com uma pegada mais Iron Maiden, que tinham lá sua qualidade, mas nada demais. O Fates Warning foi moldando seu som para algo mais intricado, sendo considerados juntos com o Queensryche , os precursores e pioneiros do prog metal.
Mas agora você me pergunta: eles influenciaram o Dream Theater? Sim, e muito. Não apenas o Dream Theater, mas todo a leva de bandas de prog que vieram depois. Todas tem uma pequena divida com o Fates Warning.

Mas o que é exatamente o Parallels? Vou resumir falando que é uma mistura de bom gosto musical, melodia e uma técnica absurda usada a favor da musica. Todas as viradas, quebradas de ritmo, riffs e solos estão lá por algum motivo, sendo usados para criar linhas instrumentais belíssimas em contrapondo com vocais certeiros e melódicos. São tão cativantes as musicas que arrisco disser possuem uma sensibilidade quase pop. Sim, é possível fazer isso no metal, com técnica, com peso, só ter competência e criatividade. E isso aqui sobra.


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