O ano é 1984, o heavy metal e hard rock estavam a todo vapor
e chegavam ao topo em paradas de sucesso no mundo todo. Jovens e velhos fãs do
estilo se reuniam naqueles que foi a época de ouro para amantes do estilo. Que
tempo loucos eram aqueles, onde guitarras distorcidas ditavam a ordem. E foi
nessa época que um documentário sobre uma banda surgiu, um documentário que
mostrava como essa vida pode não ser tão glamorosa como pensam, mas ainda assim
é deveras excitante.
E se eu falar que esse documentário é de uma banda que não
existia de verdade? Parece estranho não? Mas calma, mesmo sendo com uma banda falsa
é um dos melhores retrados - mesmo que de forma sarcástica - dos exageros da
época. Principalmente de todo egocentrismo e pretensão de grandeza que rodeava
os grandes nomes do gênero.
Essa banda é o Spinal Tap, uma das mais ultrajantes e
exageradas surgidas nesse negocio, e se você não sabe, foi criada
exclusivamente para tirar sarro do estilo nesse falso documentário, chamado “This
is Spinal Tap” ou aqui no Brasil “Isso é Spinal Tap”.
Também classificado como mocumentário, essa historia de
mentirinha é sobre a banda fictícia Spinal Tap. Surgida nos anos 60 e atravessando
os anos a trancos e barrancos até a época que o filme se passa.
A base do Spinal Tap é o trio David ST. Hubbins na guitarra
base e vocais, Derek Smalls no baixo e
Nigel Tufnel na guitarra solo. Eles são interpretados respectivamente pelos
atores Michael McKean, Harry Shearer e Christopher Guest. A atuação deles é
algo que chama atenção logo de cara, pois não conseguimos ver diferença de ator
e personagem na tela, fazendo a gente crer que eles são realmente os músicos que
eles interpretam. O fato deles tocarem
de verdade nas filmagens ajuda também.
A banda é acompanhada durante uma turnê nos Estados Unidos
em 1982 pelo diretor Marty Di Bergi, interpretado por Rob Reiner que também é o
diretor de verdade do filme. Eles estão promovendo o disco Smell The Glove, que por
problemas de ser considerado sexista, deve sua capa mudada para uma imagem toda
negra (talvez antecipando o que o Metallica faria anos depois).
E passam por todo tipo de problemas que você pode imaginar:
que incluem se perder nos bastidores a caminho do palco. Uma replica do
Stonehenge que seria usada no show e que ficou bem menor do que deveria,
gerando um dos momentos mais hilários do filme. As reclamações de Nigel sobre o
tamanho dos pães no camarim. A maldição dos bateristas que sempre acabam
morrendo de forma estranha, como um deles que explodiu durante um show. Enfim,
tudo acontece.
Alias, é Nigel que rouba a cena do filme pra mim e tem as
melhores cenas. Dono de uma personalidade forte, ele protagonista momentos como
a que mostra que seus amplificadores não vão até o dez, mas até o numero onze,
e sua incrível coleção de guitarras, onde a mais especial não pode nunca ser
tocada.
Eu poderia comentar o filme cena por cena, pois cada momento
merece atenção. Como a reação deles sobre as criticas em cima dos seus trabalhos,
ao chamar o álbum deles Shark Sandwich de Shit Sandwich , a tarde de autógrafos
onde não aparece nenhuma pessoa, ou serem escalados para tocar num parque
depois de um show de marionetes. Acredite, é uma piada boa atrás da outra, e se
você tem banda ou conhece/ gosta pelo menos um pouco do meio vai se identificar
de cara, mesmo é claro, sendo tudo exagerado e de mentirinha.
Sendo mal compreendido na época, por pessoas que não sacaram
que era uma brincadeira tirando sarro do exagero todo daquele mundo dos
rockstars e dos próprios documentários sobre. O filme foi ganhando um nome cult
durante os anos, sendo um sucesso maior no mercado de vídeo. Hoje se algo dá
errado com alguma banda numa turnê ou apresentação, é comum usar o termo “this
is so Spinal Tap” (Isso é tão Spinal Tap).
Muitos rockeiros famosos se viram retrados na tela, como
Ozzy Osbourne , Dee Snider , Jimmy Page, que se identificaram com vários momentos. Lars Urchil chegou a
comentar que a turnê com o Guns N Roses em 1992 foi algo digno do Spinal Tap. E
Steven Tyler ao ver o filme não achou graça nenhuma, pois se parecia muito com
a realidade.
Os anos mostraram que essa ideia maluca de fazer um documentário
falso sobre uma banda de mentirinha deu certo . O Spinal Tap saiu das telas e
fez alguns shows, inclusive tocando em festivais famosos e o filme foi
selecionado em 2002 para preservação
pelo Registro Nacional de Filmes do Estados Unidos.
Seja você um fã do rock ou não, vale a pena conferir essa
perola para dar umas boas risadas. Talvez você não entenda de primeira o humor
do filme, mas é uma parte da historia e da cultura rockeira e cinematográfica
que merece ser visto.