sexta-feira, 9 de junho de 2017

This is Spinal Tap





O ano é 1984, o heavy metal e hard rock estavam a todo vapor e chegavam ao topo em paradas de sucesso no mundo todo. Jovens e velhos fãs do estilo se reuniam naqueles que foi a época de ouro para amantes do estilo. Que tempo loucos eram aqueles, onde guitarras distorcidas ditavam a ordem. E foi nessa época que um documentário sobre uma banda surgiu, um documentário que mostrava como essa vida pode não ser tão glamorosa como pensam, mas ainda assim é deveras excitante.

E se eu falar que esse documentário é de uma banda que não existia de verdade? Parece estranho não? Mas calma, mesmo sendo com uma banda falsa é um dos melhores retrados - mesmo que de forma sarcástica - dos exageros da época. Principalmente de todo egocentrismo e pretensão de grandeza que rodeava os grandes nomes do gênero.

Essa banda é o Spinal Tap, uma das mais ultrajantes e exageradas surgidas nesse negocio, e se você não sabe, foi criada exclusivamente para tirar sarro do estilo nesse falso documentário, chamado “This is Spinal Tap” ou aqui no Brasil “Isso é Spinal Tap”.




Também classificado como mocumentário, essa historia de mentirinha é sobre a banda fictícia Spinal Tap. Surgida nos anos 60 e atravessando os anos a trancos e barrancos até a época que o filme se passa.

A base do Spinal Tap é o trio David ST. Hubbins na guitarra base e vocais, Derek Smalls  no baixo e Nigel Tufnel na guitarra solo. Eles são interpretados respectivamente pelos atores Michael McKean, Harry Shearer e Christopher Guest. A atuação deles é algo que chama atenção logo de cara, pois não conseguimos ver diferença de ator e personagem na tela, fazendo a gente crer que eles são realmente os músicos que eles interpretam.  O fato deles tocarem de verdade nas filmagens ajuda também.

A banda é acompanhada durante uma turnê nos Estados Unidos em 1982 pelo diretor Marty Di Bergi, interpretado por Rob Reiner que também é o diretor de verdade do filme. Eles estão promovendo o disco Smell The Glove, que por problemas de ser considerado sexista, deve sua capa mudada para uma imagem toda negra (talvez antecipando o que o Metallica faria anos depois). 

E passam por todo tipo de problemas que você pode imaginar: que incluem se perder nos bastidores a caminho do palco. Uma replica do Stonehenge que seria usada no show e que ficou bem menor do que deveria, gerando um dos momentos mais hilários do filme. As reclamações de Nigel sobre o tamanho dos pães no camarim. A maldição dos bateristas que sempre acabam morrendo de forma estranha, como um deles que explodiu durante um show. Enfim, tudo acontece.


Alias, é Nigel que rouba a cena do filme pra mim e tem as melhores cenas. Dono de uma personalidade forte, ele protagonista momentos como a que mostra que seus amplificadores não vão até o dez, mas até o numero onze, e sua incrível coleção de guitarras, onde a mais especial não pode nunca ser tocada.
                         

Eu poderia comentar o filme cena por cena, pois cada momento merece atenção. Como a reação deles sobre as criticas em cima dos seus trabalhos, ao chamar o álbum deles Shark Sandwich de Shit Sandwich , a tarde de autógrafos onde não aparece nenhuma pessoa, ou serem escalados para tocar num parque depois de um show de marionetes. Acredite, é uma piada boa atrás da outra, e se você tem banda ou conhece/ gosta pelo menos um pouco do meio vai se identificar de cara, mesmo é claro, sendo tudo exagerado e de mentirinha.




Sendo mal compreendido na época, por pessoas que não sacaram que era uma brincadeira tirando sarro do exagero todo daquele mundo dos rockstars e dos próprios documentários sobre. O filme foi ganhando um nome cult durante os anos, sendo um sucesso maior no mercado de vídeo. Hoje se algo dá errado com alguma banda numa turnê ou apresentação, é comum usar o termo “this is so Spinal Tap” (Isso é tão Spinal Tap).

Muitos rockeiros famosos se viram retrados na tela, como Ozzy Osbourne , Dee Snider , Jimmy Page, que se identificaram  com vários momentos. Lars Urchil chegou a comentar que a turnê com o Guns N Roses em 1992 foi algo digno do Spinal Tap. E Steven Tyler ao ver o filme não achou graça nenhuma, pois se parecia muito com a realidade.



Os anos mostraram que essa ideia maluca de fazer um documentário falso sobre uma banda de mentirinha deu certo . O Spinal Tap saiu das telas e fez alguns shows, inclusive tocando em festivais famosos e o filme foi selecionado em 2002 para preservação  pelo Registro Nacional de Filmes do Estados Unidos.


Seja você um fã do rock ou não, vale a pena conferir essa perola para dar umas boas risadas. Talvez você não entenda de primeira o humor do filme, mas é uma parte da historia e da cultura rockeira e cinematográfica que merece ser visto.