sábado, 23 de fevereiro de 2019

Meu caso de amor com a Legião Urbana



Eu adoro Legião Urbana, considero com certeza uma das maiores e mais importantes bandas de rock que nosso Brasil já teve. Sou um grande admirador da obra e regularmente coloco seus discos para ouvir com bastante gosto e um sorriso de satisfação na cara, aquele sorriso que só damos quando estamos ouvindo música que realmente importa.

Mas nem sempre foi assim.

Se tinha uma coisa que eu não gostava era Legião Urbana, aliás, detestava.

Não sei como começou meu desdém a essa banda. Talvez influencia das pessoas que eu andava e que graças aos céus não ando mais, sabe como a gente é bobo e finge ser o que não é para ser aceito né? Talvez fosse por preconceito, afinal,  aquilo era tudo muito gay para um metaleiro radical e retardado como eu. Ou talvez eram as musicas que não me desciam. Só sei que eu nunca consegui explicar o porque eu detestava tanto Legião Urbana.

E por muito tempo coloquei fixa na minha cabeça a ideia de que eu detestava e detestaria aquela banda pelo resto da minha vida. Detestaria sua pretensão, sua arrogância, sua música e letras pseudo poéticas do pseudopoeta Renato Russo, essa figura que estava no topo da minha lista de pessoas detestáveis, e detestaria seus fãs arrogantes. Enfim tudo que envolvia ela.

E fazia questão de expor isso em minhas redes sociais, em debates acalorados que hoje me causam vergonha ao lembrar da minha estupidez ingênua e juvenil de antes.

A verdade é que eu nunca tinha ouvido direito Legião Urbana com o coração aberto. 

Até que eu fiz o inimaginável, algo que nunca pensei que faria em minha condição: resolvi dar uma chance para a banda e ouvir algum dos seus sucessos com atenção e sem preconceitos, afinal, que ódio mais sincero senão aquele de algo que você não conhece?

Até então eu só conhecia no máximo Que País É Esse? Música que me fazia revirar os olhos toda vez que era tocada, bendita música que era tocada em todo lugar que eu ia.

Foi o disco Dois a vítima escolhida, ouvi sozinho, as escondidas, com uma sensação de culpa, de estar fazendo algo errado. O que era aquilo que eu sentia durante a audição? Eu estava gostando? Afinal, esse Legião Urbana não é tão ruim como eu achava que era. Puta que pariu Lucas, você está gostando de um disco do Legião Urbana?

"Hmm, então anda gostando da minha musica e não admite? tsc tsc" 

Mas ninguém podia saber disso, e eu não conseguia admitir para mim mesmo e para todos que afinal, Legião Urbana não era tão ruim assim como eu pensava que era. Aliás,  estava longe de ser ruim, Legião Urbana era ótimo.

Que hater péssimo eu era, que aos quatro ventos ainda cantava meu desgosto a Legião Urbana, mas vivia ouvindo e cantarolando Tempo Perdido escondido, além de Índios, que achava linda. Isso sempre me deixou com aquele sentimento de traição, estava traindo minha ideologia radical de araque. Mas trair ideologias radicais de araque, é uma delícia, pois vermos o quanto elas são sem sentido.

Eu precisava assumir minha amante para o mundo. Não ficar mais as escondidas. E foi isso que eu fiz, tomei coragem e declarei meu caso romântico ao mundo, propus casamento e fiz juras de amor.



Comprei os cds, afinal boa música tem que ter em formato físico, decorei as letras, botei o som bem alto no aparelho de som e cantei junto.  

Comecei a ver entrevistas com o Renato Russo e hoje acho ele até que simpático.

Também hoje consigo ver a beleza poética de suas letras. Não digo que consigo entende-las completamente, mas pelo menos estou aberto a tentar senti-las.

Não virei legionário e nem pretendo, mas Legião virou uma das minhas bandas de cabeceira.

Mostrei para um amigo, Paulo ,que sempre adorou Legião e o bom BRock minha nova descoberta. Ele não acreditou quando viu na minha coleção aqueles cds do Legião. “Você com esse cd Lucão? Não acredito! ”  Estava surpreso e feliz. Eu também estava surpreso e feliz.

Que satisfação de depois de anos de desdém descobrir uma das mais belas perolas do nosso cenário musical. E que vergonha de mim mesmo por ter ignorado essa banda por tanto tempo por pura ignorância e preconceito. Mas deixemos os erros do passado de lado, eu quero é ouvir o primeiro disco e ficar tocando Soldados e A Dança no repeat por horas



E você, qual banda você detestava e hoje adora?

Até a próxima, boa música, Deus abençoe a todos.



sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Tim Maia e uma perola que merece ser (re) descoberta.



Tim Maia é certamente uma das mais queridas figuras da música brasileira, criador de hits de sucesso que estão no nosso inconsciente, e presentes em toda playlist de respeito para soltar a franga chorando as amarguras do amor e remexer o esqueleto.  

Virou livro, virou filme, virou musical, virou uma figura parodiada, muitas vezes imitado, mas nunca equiparada em sua grandeza, virou mito, na época que ser chamado de mito era reservado apenas a quem realmente merecia tal denominação.

Dono de um vozeirão de arrepia e capacidade de interpretar e compor canções que certamente já embalou você numa festinha e te fez refrescar o cecê. Mas também dono de uma personalidade por vezes execrável que fazia dele pivô de várias polemicas, com mulheres, com drogas, com álcool, com músicos que trabalharam com ele, com a mídia, com gravadoras e produtores de shows que sofriam com seus cancelamentos de última hora. Tim Maia foi uma força da natureza, um furacão que devastada tudo por onde passava.

 Mas também encantava, era carinhoso com os amigos quando queria, adorava os animais, no fundo continuou sendo o mesmo garoto pobre da Tijuca que levava marmitas para ganhar uns trocados e sonhava em ser cantor.

Mas Tim Maia, o “preto, gordo e cafajeste” como ele mesmo dizia é muito mais que uma figura de tabloide de fofoca. É uma pessoa essencial para a evolução da música no Brasil. Juntou num romance a soul music americana com a nossa bossa nova e samba, e criou com clássicos atemporais os princípios do verdadeiro funk brasileiro. Não o pastiche de má qualidade que ouvimos hoje em dia e conhecemos como funk/pancadão carioca proferidos por MC’s do mais baixo nível. Falo do verdadeiro funk, feito por músicos de verdade, o verdadeiro balanço que cria aquela sensação estranha, aquele formigamento nos quadris, aquele fogo. Isso é o funk, uma chama selvagem.   

O nosso Barry White fez sucessos dançantes de rachar o assoalho remexem a todos e suas baladas “mela cueca”, como ele mesmo referia são de derramar lagrimas de esguicho até no coração mais duro. Tim Maia era um safado mulherengo, que colecionou paixões, mas também colecionou desilusões, fez músicas que dão dignidade até o mais infeliz dos cornos.

Acontece, que mesmo sendo uma figura muito conhecida, a ponto de ter um enorme culto em torno do sindico até os dias de hoje, se conhece muito pouco da sua discografia além dos hits óbvios. Tim Maia é uma figura muito comentada, muito embalada por entusiastas de fim de semana a procura de uma nova paixão momentânea, mas pouco aprofundada e destrinchada, uma verdadeira falha em nossa memória histórica e musical, tendo em vista a riqueza de seu trabalho, principalmente nos anos 70 até começo dos 80 onde está concentrado o fino de sua obra.   É hora de rever essa falha, embarque comigo nessa viagem, e cavemos mais profundo nessa mina escondida de tesouros onde achamos essa pérola.

Se trata do disco Tim Maia lançado em 1976, outro álbum autointitulado, como ele fez em vários registros anteriores. Um exemplo de um clássico esquecido, mas que merece ser descoberto caso você nunca tenha ouvido. E garanto, tudo que gostamos da música de Tim Maia e fez dela um sucesso está presente aqui.

Capa do álbum


Foi o primeiro álbum de Tim Maia após se desencantar com a Cultura Racional devido a desavenças com o líder da seita. Seita que acabou sendo inspiração para os antológicos álbuns Racional Volume 1 e 2 E apesar dos dois registros (três, contando com o EP póstumo) terem músicas sensacionais, eram liricamente presas aquela temática religiosa, o que dificultou o entendimento e vendas dos discos.

Após sair daquela vida a e voltar para o mundano, Tim Maia se jogou de volta nos prazeres pecaminosos que antes abandonara, e dá-lhe álcool, drogas e sexo. Mas também quis voltar a cantar sobre o que cantava antes, sobre as mazelas amorosas de um cafajeste. Deixando o som mais acessível para o grande público, afinal, era isso que os fãs do sindico queriam e verdadeiramente era aquilo que ele fazia melhor.

Através de seus incríveis grooves, melodias bem construídas e a sensibilidade de sempre. Ele voltou para o mundo de forma certeira. Com o apoio de uma ótima banda que soube encarar com dignidade a pressão que era trabalhar com alguém exigente como Tim.

Um conjunto desses que cria canções marcantes que começa coma abertura Dance Enquanto É Tempo, naquele clima de festa que todos gostamos. Logo nesse começo já somos chamados para arrastas os moveis da sala e começar o baile.

Seguimos com É Preciso Amar, a mensagem é clara no título não? Talvez a maior máxima da vida e o mandamento cristão mais importante.  E essa balada é linda, a “mela cueca” do disco, daquelas para se derreter todo com sua beleza.

Rodésia, com uma flauta que dá um charme especial, além de uma bela mensagem de resistência ao povo negro na África, mostra que Tim Maia não cantava apenas sobre o amor, mas tinha uma preocupação social, ele era o verdadeiro black power.  Minha favorita do disco e aquela música que deveria estar presente em toda coletânea de bom gosto.  

  Márcio Leonardo e Telmo e Sentimental são as pérolas funks de melhor qualidade com um fenomenal trabalho da banda que o acompanhou, uma aula de balanço e safadeza como todo bom funk deve ser.  Verdadeiros baixos federais, guitarras swingadas e bateria com pegada dão a tônica a essas perolas da malandragem. No centro disso está Tim Maia, o rei da festa, aquele que dita todos os passos da dança.

Nobody Can Live Forever mostra toda frustação que Tim Maia estava com seita Racional, um desabafo sincero de uma pessoa que estava querendo se encontrar no mundo. Ninguém era mais sincero como ele quando queria, não tinha medo de ficar nu e se mostrar verdadeiramente ao mundo.

De desencontros e enganos, a próxima música é justamente chamada Me Enganei, um exemplo do melhor da soul music aos moldes de Tim, destaque para o trabalho vocal nessa faixa, inspirado e sentimental.

A sentimental Manhã de Sol Florida, Cheia de Coisa Maravilhosas emociona pela forma que ele consegue criar um clima de esperança e nos mostra a importância de amar a vida.

Brother, Father Sister and Mother com seus belos arranjos e toques de gospel, mostrando que o Tim mandava bem nas músicas cantadas em inglês, com uma dicção perfeita e conhecimento exemplar de como reproduzir a boa música negra vindo da gringa, herança dos tempos que viveu nos EUA e conheceu a black music americana, algo que mudou sua vida.

Batata Frita, o ladrão de bicicleta, com toda sua loucura que começa no título lembra o trabalho de George Clinton. Uma guitarra marcante e esquisita é o destaque aqui, mostrando que a banda estava aberta a experimentalismos no meio daquela sensibilidade pop.

The Dance is Over fecha com chave de ouro. Uma balada clássica, melancólica e nostálgica. A dança acabou e é hora de enfrentar a realidade, diz o refrão.

Contra capa original do LP, Tim possa com seu filho no colo e a banda que o acompanhou na gravação.


Espero que tenham se interessado com a dica do seu amigo que aqui escreve, colocarei um vídeo abaixo do youtube com o álbum na integra para que todos possam ouvi-lo e comprovar sua qualidade

Até a próxima, boa música e que Deus abençoe a todos.




sexta-feira, 8 de junho de 2018

Bianca, a rockeira do Brasil





Dizem que o rock está ligado a eterna juventude, afinal, ele nasceu como uma música dos jovens que finalmente não precisavam escutar o que seus pais escutavam.  

A rebeldia contra tudo e a todos, por vezes ingênua e sem uma verdadeira razão de existir, mas que nós fazíamos ter um proposito na vida, ou pelo menos pensar que tínhamos. A juventude sempre energética e disposta a sair pelo mundo, mesmo sem um trocado no bolso. A sensação de ouvir um disco de rock e se lembrar dos seus anos passados pode nos fazer lembrar de tempos que apenas pensávamos ter problemas e não os vivíamos realmente.

A descoberta do primeiro emprego, do primeiro amor, do primeiro porre, do primeiro tudo.

Se pode ser ruim ter uma mentalidade juvenil a vida toda. Ter energia e disposição de um jovem, junto com a experiencia e maturidade de um adulto pode ser bom. E nada melhor para trazer de volta esse espirito que um bom disco de rock.

Não é preciso ter sido adolescente nos anos 50 para simpatizar com Jam Dean em Rebelde Sem Causa. Assim, não é preciso ter sido jovem no começo dos anos 80 para sentir a juventude do começo dos anos 80 no Brasil ao ouvir esse disco da cantora Bianca.



Se Rita Lee tinha aberto as portas para as cantoras de rock do Brasil com os Mutantes e logo após numa bem sucedida carreira solo com inúmeros hits. Talvez tinha sido Bianca a primeira adolescente rockeira rebelde do Brasil surgida na virada dos anos 70 para 80.

Bianca é o nome artístico de Cleide Domingues Franco, mineira de Ituituba. Começou a carreira cedo como crooner de uma banda em sua cidade natal.

Foi numa dessas apresentações, cantando com uma guitarra, que aquela adolescente chamou atenção do cantor e compósito Cléo Galanto. Bancou sua ida para São Paulo a apresentando para os investidores da gravadora RGE.




Seu nome artístico venho do produtor Reinaldo B. Brito, inspirado na mulher de Mick Jagger, Bianca. Tendo em vista que Cleide não tinha muito apelo comercial e nem parecia nome de artista.   E com o visual inspirado na musa do cinema francês, Maria Schneider, atriz de Ultimo Tango em Paris.
Guitarra em mão, uma boa voz e muita vontade de fazer sucesso, estava pronta a “rockeira do Brasil”, como foi conhecida nos primeiros anos.

E foi com o compacto simples lançado no final de 1979 que tudo começou. Trazendo as músicas Os tempos Mudaram e Vou Pra Casa Rever Os Meus Pais, que se tornaram marca da cantora.

Em maio de 1980 saiu o primeiro álbum completo. Autointitulado e trazendo na capa a cantora com sua cabeleira e uma guitarra cheia de estilo. Bianca desfila energia em versões que captavam todo o talento da jovem que logo conquistaria a crítica e público, principalmente o jovem. Afinal, era uma jovem cantando eles, nada mais apropriado e sincero.




É só ouvir músicas como Sou Livre, Somos Amigos, Comentário a Respeito de John e Tempos Difíceis, além do Medley presente no final do disco com as duas musicas do compacto que levaram ela ao estrelado para entender porque ela chamou atenção na época, tocando em programas como Clube do Bolinha, Chacrinha e Silvio Santos.

Infelizmente depois de um tempo, Bianca ficou esquecida e sumiu do mapa. Inclusive rolando boatos de um suposto suicido ou morte por overdose. Mas por sorte ela aparamente passa bem e vive hoje longe do meio artístico.

Não sei como está a disponibilidade de encontrar o vinil em sebos físicos ou virtuais, mas seu cd foi relançado pelo selo discobertas e pode ser encontrado facilmente por um preço justo.

Unindo rebeldia, romantismo, energia e uma dose certa de ingenuidade e descoberta. Ouvir esse álbum diverte e vai trazer de volta a juventude em você, não importa sua idade.





quarta-feira, 6 de junho de 2018

The Man Who Would Be Polka King (2009) O Rei da Polca (2017)



Seria a picaretagem um talento a ser aperfeiçoado? Convenhamos, é preciso de algo a mais além da ingenuidade da pobre pessoa para engana-la e convencê-la a fazer o que você quiser. Seja o que for, algumas pessoas são boas nisso e se utilizam da forma que melhor as beneficie.

Jan Lewan era carismático em seus shows de polca que atingiam o publico de terceira idade que viram naquele homem de origem Polonesa um amigo em que podiam confiar. Confiar a ponto de investirem dinheiro nele em ações fraudadas. Dinheiro que ele usou para expandir seus negócios, tanto na sua banda que excursionou, quanto numa lojinha de lembranças, até uma agencia de turismo na Europa.  Jan fazia parecer ser um esquema perfeito para seus clientes velhinhos, que dependiam do pouco dinheiro da aposentadoria, mas que traria problemas para todos.

Se jan Lewan é um picareta ele tem talento para isso. Mas também é uma pessoa carismática pelos depoimentos que vemos dele em vídeo. Sempre sorrindo, de boas palavras e tratando as pessoas bem. Será que ele tinha boas intenções, uma ambição boa, mas usou os caminhos errados? De qualquer forma é uma pessoa que eu adoraria sentar para conversar. Ou talvez eu esteja caindo no esquema dele, quem sabe?


O fato é que sua história maluca é daquelas que muitos falariam “isso daria um filme”. E de fato gerou duas interessantes obras que estão disponíveis na Netflix: The Man Who Would be Polka King (2009) e O Rei da Polca (2017).


O primeiro é um documentário que vai direto ao ponto sobre os casos que levaram Jan virar a figura infame que é. Se utilizando de imagens de arquivo e depoimentos de forma equilibrada e fluida, ele deixa o interesse de quem assiste em alta colocando informação atrás de informação de uma historia que vai ficando cada vez mais absurda, incluída uma visita com o Papa.

Um grande ponto a favor é os depoimentos que o documentário nos mostra, seja do próprio Jan, quanto de membros da sua banda, sua esposa, filho, pessoas envolvidas no caso e até vitimas do seu esquema. Todas falando francamente sobre o que aconteceu e mostrando seus pontos de vista. Pode não ser o documentário mais parcial do mundo, mas isso é um bom, pois nos mostra diferentes perspectivas da mesma situação.





O Rei da Polca é um filme original da Netflix com astros como Jake Black como Jan Lewan, Jenny Slate como sua esposa e Jason Schwartzman como Mickey Pizzazz, personagem criado para o filme que é a junção de algumas pessoas que trabalharam para Jan em sua banda.

Se mantendo bem fiel aos fatos, o filme se utiliza de dois fatores combinados que se sustentam muito bem: o carisma dos atores e o absurdo da realidade da situação e as pessoas envolvidas.

A comedia flui naturalmente assim, muitas vezes pelo absurdo e tragédia da situação. Sem ficar bobão ou ser apelativo gratuitamente.

Inclusive é incrível ver imagens de arquivo de acontecimentos que se passam no filme e comparar eles, alguns aparecem durantes os créditos finais.

O fato que nenhuma das obras faz um julgamento sobre o personagem principal, deixando isso para a plateia decidir, um bom programa duplo para se fazer numa noite e talvez ficar com vontade de ir num show de polca.  





quarta-feira, 19 de julho de 2017

Ratt, símbolo do glam metal



A década de 80 foi uma época dos egos inflados, dos exageros, onde deuses voltaram a andar na terra no meio de mortais. Mas também foram tempos em que muita boa música foi produzida.  A época que o rock foi até o topo da montanha russa . Parecia até que jamais iria sair de lá.  Na corrida pelo sucesso muitos caíram no meio do caminho e foram esquecidos, mas alguns chegaram lá.

O hard rock oitentista, também chamado de glam metal  - ou no Brasil pelo termo pejorativo “farofa” -  foi o estilo que estourou naqueles tempos. Dividindo as paradas de sucesso com nomes que nada tinha a ver com o rock. O momento onde o metal foi mais pop, e pop no sentido de manstream.

É fácil olhar para trás hoje em dia e pensar apenas na pose, no visual exagerado das bandas da época, especialmente as do chamado glam metal. Se olharmos além do laquê, vemos como as músicas são de qualidade. Não foi só o visual de bandas como Poison, Cinderella, Motley Crue, Dokken, Quiet Riot que conquistou o mundo naquele momento, mas sim seu som energético e cheio de carisma. Talvez toda aquela excentricidade tenha coberto o  talento que tinham.

Infelizmente algumas pessoas tratam todo o conceito de glam como algo negativo ou sentem vergonha de admitir que gostam ou fazem parte disso. Como certa banda com nome de felino que estourou nos anos 90 e renega o seu passado não tão distante, quando era, ou queria ser uma representante do estilo.

Ainda assim, existem artistas que até hoje levantam a bandeira do glam com orgulho.

Ratt é uma dessas bandas e que falaremos um pouco aqui, mais especificamente sobre seus primeiros anos. Na minha humilde opinião eles representam o que foi o glam e o hard dos 80’s e é a primeira coisa que me veem a cabeça quando penso no estilo.

Apostando num visual característico da época , um som vibrante, com os riffs de guitarra na escola do blues, vocais rasgados característicos e letras falando sobre romance e noitadas , estava feita a formula . Assim como outros, eles pegaram o que bandas como Aerosmith, Kiss, Van Halen e Led Zeppelin faziam antes – o som, o virtuosismo, os exageros e o sex appeal – e colocaram uma nova roupagem e mais energia.

A historia do Ratt começa em Hollywood, terra das oportunidades para quem queria crescer na vida com a música ou trabalhando no cinema. Firedome era a banda de Stephen Percy, futuro vocalista do Ratt. A banda acabou em 1974, Percy então montou o Crystal Pystal. O nome foi mudado depois para Buster Cherry, e então mudou para Mickey Ratt em 1976.

Outro membro futuro da banda, o guitarrista Robin Crosby durante esses anos foi membro de bandas como Metropolis, Xcalibur, Phenomenon, Secret Service.

O vai e vem de membros do Mickey Ratt foi grande, e com a formação sempre mudando eles gravaram algumas demos. Até sair em 1980 um single com “Dr. Rock / Drivin’ on E” que deu certo nome no começo da cena de shows em clubes de Los Angeles

Em 1981 o nome finalmente foi encurtado para Ratt e após algum tempo a formação se firmou com Robbin Crosby e Warren DeMartini nas guitarras, Juan Croucier no baixo, Bobby Blotzer na bateria, e Stephen Percy nos vocais.

Em 1983 eles assinam com o gravador independente Time Coast Music e lançam o EP chamado Ratt. O EP com nome da banda deu certo e chamou atenção para eles, que conseguiram um contrato com a Atlantic Records.

O processo de composição para o primeiro álbum começou imediatamente, e em março de 1984 sai Out of The Cellar. Aclamado pelo publico e critica .  debut é o exemplo de ataque hard rock perfeito e certeiro. Foi um sucesso de vendas, atingindo a marca de três milhões de copias  vendidas– platina tripla.

Produzido pelo novato Beau Hill que conseguiu tirar o melhor som da banda. Afinal, não bastaria estarem inspirados se não tivessem uma boa produção por trás não é mesmo? Porém, não foi um trabalho dos mais agradáveis, com Hill já alegando que batia de frente com a banda.

É só ouvir as faixas presentes para entender o porquê de ele ter marcado tanto e virado um símbolo do glam metal. A abertura com Wanted Man, Back For More que foi regravada do EP, o maior hit Round And Round que ganhou clipe, You’re in Trouble, Lack of Communication, uma música  boa atrás da outra.

Out Of The Cellar e o próprio nome da banda – Ratt – nos remetem a música Rats In The Cellar, do Aerosmith. Mostrando de onde vieram às influencias da banda.

A mulher na capa é a modelo Tawny Kitaen. Achou ela familiar? Pois já deve ter a visto em vários clipes do Whitesnake.

Talvez não tão famosa e com o devido reconhecimento nos dias de hoje e lotando arenas como alguns de seus parceiros da época, algo que aconteceria se o mundo fosse um lugar justo.  Mas com uma qualidade inquestionável e que atingiu um status de Cult merecido. Eles foram o tipo de banda que chegou ao topo e caíram. Brigas internas e judiciais, loucuras diversas, e a falta de interesse do publico pode ter sido alguns fatores que fizeram o Ratt não ser mais o que era antes ou o que poderia ter sido.  

Afinal, quanta coisa boa não esta no mainstream hoje em dia não é mesmo? Devemos parar com esse conceito que só o que esta fazendo sucesso é bom e deixar de lado o que não tem projeção da mídia. Pois é assim que a boa música morre, não pela falta de bons artistas, mas pela falta de apoio e interesse do publico.

Ratt é algo além de um produto de seu tempo. Algo além de uma lembrança guardada no armário que temos vergonha de colocar para fora. Algo que dizemos “foi apenas uma fase louca e tola da minha juventude”. Para quem é de verdade e sente pulsando nas veias nunca é apenas uma fase, é algo que o acompanha para a vida toda.  


O hair metal, glam, hard rock de bandas como Ratt pode ter sido algo que nunca vai estourar ou fazer sentido como foi nos anos 80. Somos transportados para aquela época de longos cabelos e roupas cheias de estilo ao ouvirmos suas músicas ou vemos em vídeo shows antigos da banda, assim como seus clipes.  Mas é mais do que olhar de volta para o passado. É perceber como a qualidade da musica falou mais alto, se transformando numa obra de arte atemporal que sobreviveu e sobrevivera enquanto houver quem estiver disposto a descobri-la. 





quinta-feira, 13 de julho de 2017

O Castlevania da Netflix




Você já jogou Castlevania? Se você gosta pelo menos um pouco de vídeo games já deve ter trombado em algum momento da vida com essa serie já trintona lançada pela Konami. E meu amigo e minha amiga que esta lendo: eu amo Castlevania! Amo seu estilo gótico, amo seus personagens e enredo, a ação e desafios, todo o conceito.

Enfim, é uma série que marcou e foi parte importante da minha infância e adolescência. Era o começo de uma fase onde eu mergulhei de fundo nos games e não saia da frente do meu velho PSone e/ou jogando emuladores de SNES no PC.



Foi uma paixão instantânea as aventuras dos Belmonts lutando contra o Drácula e seus servos das trevas em seu castelo usando o lendário chicote vampire killer. Além de serem desafiadores e divertidos, todo o background dos jogos é baseado em clássicos do horror, o que agradava em cheio um garoto já fã dos antigos filmes  de monstros da Universal e da Hammer.

Porém a serie foi mudando, e meu interesse por ela foi se perdendo.  Dito isso, meu lado de fã que adoraria ver uma adaptação de Castlevania nas telas foi mudando com o tempo. Pensava: deixa pra lá, é melhor ficar só no videogame mesmo, com tanta adaptação ruim de jogos que eu amo feitas, não quero ver mais uma.



Eis que então é lançado pela Netflix uma serie animada, meu coração jovem estava batendo mais forte de alegria, porém, minha cabeça exigente e critica estava com os dois pés atrás.

Numa madrugada sem sono, resolvi dar uma chance, assisti tudo de uma vez e digo que felizmente não passei raiva com o seriado. Gostei até e fiquei ansioso para mais, pois apenas foram disponibilizados quatro curtos episódios. Temos mais acertos do que erros, e uma promessa de algo que pode ir melhorando com o tempo.

Mas antes de chegar ao assunto primeiramente gostaria de falar um pouco sobre o comportamento de alguns fãs, ou fanboys, como quiser chamar.


Algumas pessoas se contentam apenas pela obra ser feita e fecham os olhos para a qualidade dela. Como se só a existência dela bastasse. Lembra-se dos prequels do Star Wars? Ficamos tão empolgados com o fato de existirem mais aventuras naquela galáxia muito, muito distante, mas esquecemos de pedir por bons filmes.

Adaptação de qualquer mídia é assim, os fãs molham as calças ao saber que seu livro/HQ/game será lançado em outro formado, mas esquecem de serem exigentes sobre a qualidade dela, é o fanservice falando mais alto. Nada contra isso, como diria o Erico Borgo do portal Ometele: “eu sou fã eu quero service” mas isso não é o bastante. Ver meu personagem favorito ou cenário clássico não é o bastante, eu quero é qualidade acima de tudo.  



E as adaptações de games talvez seja uma das que mais sofre com filmes e seriados ruins. Diferente das de quadrinhos e de certos livros, que conseguiram um publico forte, uma certa aceitação da critica e são rendáveis, apostar numa adaptação de game pode ser um tiro no escuro.

Só lembrar dos patéticos filmes do Street Fighter, Double Dragon, Mortal Kombat, Super Mario Bros e etc. Todos filmes muito abaixo do que poderiam ser, visto que vieram de jogos divertidíssimos e se fossem feitos por pessoas com o mínimo de capacidade e entendimento do material fonte, poderiam gerar também filmes fieis e divertidos.

Um ponto que acertaram e só foi vantajoso pra adaptação foi pela escolha de fazerem uma série animada, e não com atores de carne e osso. Isso deu mais liberdade para criar cenas de ação e efeitos mirabolantes, que se fossem feitos de “verdade” poderiam correr o risco de ficarem ridículas na tela, especialmente com um mal uso de efeitos especiais.



Sim, eu sei que hoje em dia a tecnologia de efeitos evoluiu muito e esta praticamente possível fazer qualquer coisa nas telas, mas ainda tenho um pé atrás...

Ela é baseada em Castlevania 3 Dracula’s Curse,  lançado para  o Nintendinho em 1989 e  um dos melhores da série. Nele acompanhamos a luta de Trevor Belmont contra Drácula, isso lógico, com o pouco background de enredo dos games da época, o jogador é colocado no meio da historia só sabendo que você era basicamente um homem com um chicote mandado em uma missão, apenas. Isso é algo que seria preciso ser mudado para a adaptação, e foi isso que aconteceu.



O projeto se iniciou ainda em 2007 onde seria um filme animado lançado direto para vídeo. Escrito por Warren Ellis, circunstancias fizeram o projeto ser atrasado ate virar um seriado da Netflix. Usando como base o roteiro original feito há praticamente uma década.

A animação é feita pelos estúdios Frederator e Powerhouse Animation, e dirigido por Sam Deats. Lembrando o estilo de Cowboy Bebop e ate as ilustrações feitas por Ayami Kojima para o game da serie Symphony Of The Night. É um estilo bonito e suave, com os personagens bem expressivos e em certo ponto realistas, mesmo com alguns momentos não tão bem desenhados assim.


A música foi composta por Trevor Morris, eficiente e lembra os bons momentos dos filmes de horror clássicos, mas ainda espero ouvir alguma tema clássico da serie na tela, quem sabe vampire killer, blood tears ou ate mesmo the beggining.

O primeiro episódio é basicamente a historia de como o Drácula se apaixonou por uma humana , Lisa, que foi queimada viva, injustamente acusada de bruxaria. Tomado de ódio ele jura acabar com toda a vida da região da Wallachia. Lembrando o prólogo do filme Dracula de Bram Stoker dirigido pelo Coppola e colocando uma motivação para o que vai ser o grande vilão da serie em episódios futuros.  Depois dessa primeira parte o vampirão é deixado de lado e quem toma o posto de principal antagonista são crápulas da igreja, liderados pelo bispo, uma figura nefasta que te deixara com raiva e torcendo contra.



Trevor Belmont, protagonista do seriado só é mostrado no final do episodio, num bar enchendo a cara. Nos episódios seguintes começamos a acompanhar ele e vemos que não é apenas um sujeito bonzinho e unidimensional. Ultimo membro de sua família, que foi excomungada e mal vista pelo povo que eles protegem das forças do mal. Um herói errante e malandro, que quer fugir de problemas e cuidar de sua vida, mas sabe do peso da responsabilidade que tem em suas costas.

Outros personagens importantes que conhecemos durante o programa são Sypha Belnades, possuidora de poderes mágicos e neta do líder dos Oradores, um grupo a qual Trevor ganha amizade. Sendo uma personagem feminina interessante e com personalidade forte.


O outro personagem é Alucard, filho de Drácula e que vai contra o pai nessa missão. Ele mesmo, o Alucard do famoso Symphony of The Night, talvez o jogo mais conhecido da serie. Ele aparece bem pouco, o que nos faz esperar que em episódios futuros se mostre mais do vampiro rebelde.



Dito isso, temos os três personagens jogáveis do game original, só faltando o Grant, será que ele aparecera no futuro?


Castlevania da Netflix pode não agradar a todos. Fãs e não fãs da serie de games tem motivos para gostar e/ou odiar. Eu recomendo que deem uma checada e decidam por si mesmos. E caso sintam saudades de acabar com as criaturas do mal usando um chicote, os jogos clássicos sempre estão disponíveis, pensando nisso, acho que vou instalar um emulador de nintendinho.


sexta-feira, 9 de junho de 2017

This is Spinal Tap





O ano é 1984, o heavy metal e hard rock estavam a todo vapor e chegavam ao topo em paradas de sucesso no mundo todo. Jovens e velhos fãs do estilo se reuniam naqueles que foi a época de ouro para amantes do estilo. Que tempo loucos eram aqueles, onde guitarras distorcidas ditavam a ordem. E foi nessa época que um documentário sobre uma banda surgiu, um documentário que mostrava como essa vida pode não ser tão glamorosa como pensam, mas ainda assim é deveras excitante.

E se eu falar que esse documentário é de uma banda que não existia de verdade? Parece estranho não? Mas calma, mesmo sendo com uma banda falsa é um dos melhores retrados - mesmo que de forma sarcástica - dos exageros da época. Principalmente de todo egocentrismo e pretensão de grandeza que rodeava os grandes nomes do gênero.

Essa banda é o Spinal Tap, uma das mais ultrajantes e exageradas surgidas nesse negocio, e se você não sabe, foi criada exclusivamente para tirar sarro do estilo nesse falso documentário, chamado “This is Spinal Tap” ou aqui no Brasil “Isso é Spinal Tap”.




Também classificado como mocumentário, essa historia de mentirinha é sobre a banda fictícia Spinal Tap. Surgida nos anos 60 e atravessando os anos a trancos e barrancos até a época que o filme se passa.

A base do Spinal Tap é o trio David ST. Hubbins na guitarra base e vocais, Derek Smalls  no baixo e Nigel Tufnel na guitarra solo. Eles são interpretados respectivamente pelos atores Michael McKean, Harry Shearer e Christopher Guest. A atuação deles é algo que chama atenção logo de cara, pois não conseguimos ver diferença de ator e personagem na tela, fazendo a gente crer que eles são realmente os músicos que eles interpretam.  O fato deles tocarem de verdade nas filmagens ajuda também.

A banda é acompanhada durante uma turnê nos Estados Unidos em 1982 pelo diretor Marty Di Bergi, interpretado por Rob Reiner que também é o diretor de verdade do filme. Eles estão promovendo o disco Smell The Glove, que por problemas de ser considerado sexista, deve sua capa mudada para uma imagem toda negra (talvez antecipando o que o Metallica faria anos depois). 

E passam por todo tipo de problemas que você pode imaginar: que incluem se perder nos bastidores a caminho do palco. Uma replica do Stonehenge que seria usada no show e que ficou bem menor do que deveria, gerando um dos momentos mais hilários do filme. As reclamações de Nigel sobre o tamanho dos pães no camarim. A maldição dos bateristas que sempre acabam morrendo de forma estranha, como um deles que explodiu durante um show. Enfim, tudo acontece.


Alias, é Nigel que rouba a cena do filme pra mim e tem as melhores cenas. Dono de uma personalidade forte, ele protagonista momentos como a que mostra que seus amplificadores não vão até o dez, mas até o numero onze, e sua incrível coleção de guitarras, onde a mais especial não pode nunca ser tocada.
                         

Eu poderia comentar o filme cena por cena, pois cada momento merece atenção. Como a reação deles sobre as criticas em cima dos seus trabalhos, ao chamar o álbum deles Shark Sandwich de Shit Sandwich , a tarde de autógrafos onde não aparece nenhuma pessoa, ou serem escalados para tocar num parque depois de um show de marionetes. Acredite, é uma piada boa atrás da outra, e se você tem banda ou conhece/ gosta pelo menos um pouco do meio vai se identificar de cara, mesmo é claro, sendo tudo exagerado e de mentirinha.




Sendo mal compreendido na época, por pessoas que não sacaram que era uma brincadeira tirando sarro do exagero todo daquele mundo dos rockstars e dos próprios documentários sobre. O filme foi ganhando um nome cult durante os anos, sendo um sucesso maior no mercado de vídeo. Hoje se algo dá errado com alguma banda numa turnê ou apresentação, é comum usar o termo “this is so Spinal Tap” (Isso é tão Spinal Tap).

Muitos rockeiros famosos se viram retrados na tela, como Ozzy Osbourne , Dee Snider , Jimmy Page, que se identificaram  com vários momentos. Lars Urchil chegou a comentar que a turnê com o Guns N Roses em 1992 foi algo digno do Spinal Tap. E Steven Tyler ao ver o filme não achou graça nenhuma, pois se parecia muito com a realidade.



Os anos mostraram que essa ideia maluca de fazer um documentário falso sobre uma banda de mentirinha deu certo . O Spinal Tap saiu das telas e fez alguns shows, inclusive tocando em festivais famosos e o filme foi selecionado em 2002 para preservação  pelo Registro Nacional de Filmes do Estados Unidos.


Seja você um fã do rock ou não, vale a pena conferir essa perola para dar umas boas risadas. Talvez você não entenda de primeira o humor do filme, mas é uma parte da historia e da cultura rockeira e cinematográfica que merece ser visto.