Você já jogou Castlevania? Se você gosta pelo menos um pouco
de vídeo games já deve ter trombado em algum momento da vida com essa serie já
trintona lançada pela Konami. E meu amigo e minha amiga que esta lendo: eu amo
Castlevania! Amo seu estilo gótico, amo seus personagens e enredo, a ação e
desafios, todo o conceito.
Enfim, é uma série que marcou e foi parte importante da
minha infância e adolescência. Era o começo de uma fase onde eu mergulhei de
fundo nos games e não saia da frente do meu velho PSone e/ou jogando emuladores
de SNES no PC.
Foi uma paixão
instantânea as aventuras dos Belmonts lutando contra o Drácula e seus servos
das trevas em seu castelo usando o lendário chicote vampire killer. Além de
serem desafiadores e divertidos, todo o background dos jogos é baseado em
clássicos do horror, o que agradava em cheio um garoto já fã dos antigos filmes de monstros da Universal e da Hammer.
Porém a serie foi mudando, e meu interesse por ela foi se
perdendo. Dito isso, meu lado de fã que
adoraria ver uma adaptação de Castlevania nas telas foi mudando com o tempo.
Pensava: deixa pra lá, é melhor ficar só no videogame mesmo, com tanta
adaptação ruim de jogos que eu amo feitas, não quero ver mais uma.
Eis que então é lançado pela Netflix uma serie animada, meu
coração jovem estava batendo mais forte de alegria, porém, minha cabeça
exigente e critica estava com os dois pés atrás.
Numa madrugada sem sono, resolvi dar uma chance, assisti
tudo de uma vez e digo que felizmente não passei raiva com o seriado. Gostei
até e fiquei ansioso para mais, pois apenas foram disponibilizados quatro
curtos episódios. Temos mais acertos do que erros, e uma promessa de algo que
pode ir melhorando com o tempo.
Mas antes de chegar ao assunto primeiramente gostaria de
falar um pouco sobre o comportamento de alguns fãs, ou fanboys, como quiser
chamar.
Algumas pessoas se contentam apenas pela obra ser feita e
fecham os olhos para a qualidade dela. Como se só a existência dela bastasse.
Lembra-se dos prequels do Star Wars? Ficamos tão empolgados com o fato de
existirem mais aventuras naquela galáxia muito, muito distante, mas esquecemos
de pedir por bons filmes.
Adaptação de qualquer mídia é assim, os fãs molham as calças
ao saber que seu livro/HQ/game será lançado em outro formado, mas esquecem de
serem exigentes sobre a qualidade dela, é o fanservice falando mais alto. Nada
contra isso, como diria o Erico Borgo do portal Ometele: “eu sou fã eu quero
service” mas isso não é o bastante. Ver meu personagem favorito ou cenário
clássico não é o bastante, eu quero é qualidade acima de tudo.
E as adaptações de games talvez seja uma das que mais sofre
com filmes e seriados ruins. Diferente das de quadrinhos e de certos livros,
que conseguiram um publico forte, uma certa aceitação da critica e são
rendáveis, apostar numa adaptação de game pode ser um tiro no escuro.
Só lembrar dos patéticos filmes do Street Fighter, Double
Dragon, Mortal Kombat, Super Mario Bros e etc. Todos filmes muito abaixo do que
poderiam ser, visto que vieram de jogos divertidíssimos e se fossem feitos por
pessoas com o mínimo de capacidade e entendimento do material fonte, poderiam
gerar também filmes fieis e divertidos.
Um ponto que acertaram e só foi vantajoso pra adaptação foi
pela escolha de fazerem uma série animada, e não com atores de carne e osso. Isso
deu mais liberdade para criar cenas de ação e efeitos mirabolantes, que se
fossem feitos de “verdade” poderiam correr o risco de ficarem ridículas na
tela, especialmente com um mal uso de efeitos especiais.
Sim, eu sei que hoje em dia a tecnologia de efeitos evoluiu
muito e esta praticamente possível fazer qualquer coisa nas telas, mas ainda
tenho um pé atrás...
Ela é baseada em Castlevania 3 Dracula’s Curse, lançado para
o Nintendinho em 1989 e um dos
melhores da série. Nele acompanhamos a luta de Trevor Belmont contra Drácula,
isso lógico, com o pouco background de enredo dos games da época, o jogador é
colocado no meio da historia só sabendo que você era basicamente um homem com
um chicote mandado em uma missão, apenas. Isso é algo que seria preciso ser
mudado para a adaptação, e foi isso que aconteceu.
O projeto se iniciou ainda em 2007 onde seria um filme
animado lançado direto para vídeo. Escrito por Warren Ellis, circunstancias
fizeram o projeto ser atrasado ate virar um seriado da Netflix. Usando como
base o roteiro original feito há praticamente uma década.
A animação é feita pelos estúdios Frederator e Powerhouse Animation,
e dirigido por Sam Deats. Lembrando o estilo de Cowboy Bebop e ate as ilustrações
feitas por Ayami Kojima para o game da serie Symphony Of The Night. É um estilo
bonito e suave, com os personagens bem expressivos e em certo ponto realistas,
mesmo com alguns momentos não tão bem desenhados assim.
A música foi composta por Trevor Morris, eficiente e lembra
os bons momentos dos filmes de horror clássicos, mas ainda espero ouvir alguma
tema clássico da serie na tela, quem sabe vampire killer, blood tears ou ate
mesmo the beggining.
O primeiro episódio é basicamente a historia de como o
Drácula se apaixonou por uma humana , Lisa, que foi queimada viva, injustamente
acusada de bruxaria. Tomado de ódio ele jura acabar com toda a vida da região
da Wallachia. Lembrando o prólogo do filme Dracula de Bram Stoker dirigido pelo
Coppola e colocando uma motivação para o que vai ser o grande vilão da serie em
episódios futuros. Depois dessa primeira
parte o vampirão é deixado de lado e quem toma o posto de principal antagonista
são crápulas da igreja, liderados pelo bispo, uma figura nefasta que te deixara
com raiva e torcendo contra.
Trevor Belmont, protagonista do seriado só é mostrado no
final do episodio, num bar enchendo a cara. Nos episódios seguintes começamos a
acompanhar ele e vemos que não é apenas um sujeito bonzinho e unidimensional.
Ultimo membro de sua família, que foi excomungada e mal vista pelo povo que
eles protegem das forças do mal. Um herói errante e malandro, que quer fugir de
problemas e cuidar de sua vida, mas sabe do peso da responsabilidade que tem em
suas costas.
Outros personagens importantes que conhecemos durante o
programa são Sypha Belnades, possuidora de poderes mágicos e neta do líder dos
Oradores, um grupo a qual Trevor ganha amizade. Sendo uma personagem feminina
interessante e com personalidade forte.
O outro personagem é Alucard, filho de Drácula e que vai
contra o pai nessa missão. Ele mesmo, o Alucard do famoso Symphony of The
Night, talvez o jogo mais conhecido da serie. Ele aparece bem pouco, o que nos
faz esperar que em episódios futuros se mostre mais do vampiro rebelde.
Dito isso, temos os três personagens jogáveis do game
original, só faltando o Grant, será que ele aparecera no futuro?
Castlevania da Netflix pode não agradar a todos. Fãs e não
fãs da serie de games tem motivos para gostar e/ou odiar. Eu recomendo que deem
uma checada e decidam por si mesmos. E caso sintam saudades de acabar com as
criaturas do mal usando um chicote, os jogos clássicos sempre estão disponíveis,
pensando nisso, acho que vou instalar um emulador de nintendinho.
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